Ter intenções diferentes ao se montar uma banda é legítimo.
Há desde aqueles que querem apenas curtir o momento a aqueles que pensam em
construir carreira. Há também aqueles que simplesmente não pensam em nada,
apenas plugam os cabos e tocam.
A falta de objetivo é a principal razão para
que grande parte das bandas não durem um ano sequer.
Contudo, o que seria, teoricamente, deficiência, tem se
tornado estratégia. Pelo menos no rock de São Luís.
Nota-se verdadeiro fascínio pelos projetos que vivem
recomeçando. Quanto menos tempo de estrada a banda tem, mais reconhecimento
parece ter do público e da mídia.
Os jornais dedicam capa, as redes sociais pululam, as casas
de show se abrem com relativa facilidade.
Parece que ter carreira própria ou querer construir uma
viraram sinônimo de fracasso e insistência burra, quando, na verdade, é o
oposto: mostram que o fôlego criativo pretende-se inesgotável enquanto der, que
os obstáculos não superam a vontade de prosseguir e que será possível, um dia,
ser lembrado como autor de obra vasta, que registrou diferentes fases, influências
e estilos.
Não fosse assim, o que explicaria que, inquirida a citar
nome de cinco bandas famosas, uma pessoa certamente diria Beatles, Stones,
Legião, Titãs, etc, e não grupos de verão como Inimigos do Rei, Barenaked
Ladies ou Virgulóides?
Mas em São Luís, bacana é começar uma banda nova de tempos
em tempos e apresentar-se como “novo projeto”, mesmo que, muitas vezes, as
figurinhas sejam as mesmas carimbadas de “projetos” anteriores.
Os astrônomos já resolveram isso. As estrelas “fixas” têm
nome, localização e são estudadas com mais frequência; as estrelas cadentes são
anônimas, apenas passam e mal deixam rastro no céu.